☯️ MDV #59 - Quase Médico

(tempo de leitura aprox. 4 min)

Hoje faz 20 anos que eu me vi frente a uma encruzilhada que faria de mim médico.

Quatro de março de 2004 era o último dia para fazer a matrícula, direito que eu havia conquistado com muito suor.

Mas algo lá dentro dizia que não era o caminho que eu queria percorrer. Minhas aspirações iam muito além da uma carreira como cardiologista.

Eu não queria cursar Medicina. Eu queria passar.

Claro que na época eu não tinha essa clareza.

Me dizia que não queria ser sustentado por mais 8 anos.
Que não queria viver a mesma decepção que senti em Engenharia.
Que não era justo tirar o lugar de alguém que queria aquilo mais que eu.

A verdade é que eu buscava validação, provando pra minha mãe e pra mim mesmo que era capaz de conquistas monumentais, se assim decidisse.

Uma semana depois de completar 20 anos, eu passei em Medicina.

Provei que era possível me reinventar.

Uma semana depois de completar 40, compartilho com você as lições que carrego desde então pra continuar me reinventando.

Plano de treinos

Passar em Medicina, assim como superar qualquer desafio mais significativo na vida, exige não só que a gente trabalhe duro. É preciso também trabalhar direito.

Quando saí da Engenharia, eu podia até não saber bem o que queria da vida, mas tinha a certeza que precisava aprender com os melhores. Por isso, fui buscar o curso com os maiores níveis de aprovação e confiei 100% no plano de estudos oferecido.

Pra se reinventar, é preciso seguir um plano rígido que inclui teoria e prática. Mas se testar no meio do caminho é a melhor maneira de saber quão longe do objetivo você está.

Diversificação

Na minha jornada, a diversificação nunca foi só uma estratégia. Foi minha salvação. Assim como todo aspirante a médico não coloca as esperanças de um ano inteiro de dedicação numa só prova, não devemos apostar nossas fichas em um caminho.

Pra se reinventar, é absolutamente necessário diversificar nossos esforços e criar o que eu chamo de 'Portfólio de Possibilidades". Explore avenidas que alinham com suas aspirações e nunca coloque todos os ovos na mesma cesta.

Parece arriscado abrir o leque, mas isso te dá um colchão que te protege e deixa mais preparado pra navegar as incertezas do caminho.

Resiliência

Só se passa em Medicina treinando todo dia. E pra fazer isso foi preciso botar na cabeça que passar em Medicina era a minha absoluta prioridade daquele ano.

De março a dezembro, se eu não estava dormindo, comendo ou dirigindo, eu estava estudando.

A resiliência é uma força silenciosa que te escora nessa maratona da reinvenção. Michael Phelps, o maior nadador da história, atribui seu sucesso nas Olimpíadas ao fato de treinar também aos domingos, feriados e aniversários, quando é comum descansar. Segundo ele, seriam 52 treinos a mais que seus adversários todo ano.

Se reinventar acontece aos poucos. Passo a passo. Dia a dia. Treino a treino. Prova a prova. Treine a resiliência.

Gameficação

Depois do simulado que era aplicado antes mesmo das aulas começarem, eu cai na sala B de Biológicas. Apostei comigo mesmo que deveria subir de degrau e, já no segundo simulado, fui pra sala A. O desafio agora era me manter nela. Depois, ir melhor que as pessoas que sentavam perto de mim.

Pro Daniel que caiu de paraquedas na sala B de Biológicas passar em Medicina era uma realidade impossível. Afinal, quase ninguém passa na primeira tentativa. Mas pro Daniel que se manteve na sala A e melhorou mês após mês não existia outra opção a não ser passar.

Confiança

Pensa num cara com a confiança lá embaixo: na minha sala tinha uma galera que já tinha passado em alguns vestibulares, mas não na FUVEST. Alguns tentavam há 5 anos entrar na Medicina Paulista, uma das melhores faculdades do país. Isso foi um belo balde de água fria no ex-futuro engenheiro que só queria se manter entre os melhores alunos.

Só que nessa época eu já não me comparava com ninguém, só comigo. Ao dar o meu melhor e confiar no plano que estava seguindo, consegui construir a confiança necessária.

Ligando os pontos, pra passar em Medicina eu tive que me contar uma história diferente pela primeira vez na vida.

Depois de 17 anos trabalhando com marketing e storytelling para algumas das maiores marcas do mundo, me peguei fazendo isso de novo: abandonei o confortável mundo do salário e comecei a empreender, compartilhando o processo com quem quisesse acompanhar.

E se aprendi uma coisa nos 20 anos que separam esses dois momentos é que histórias são poderosas. Minha missão, hoje, é ajudar você a contar a sua na internet.

Porque tenho certeza que sua trajetória é cheia de lições que podem ajudar - e muito - quem tá começando agora.

Frase da semana

Fique bem!

Daniel