☯️ MDV #25 - Identidade
A genética foi bondosa comigo.
Não na cara, claro.
Mas eu sempre comi o que tive vontade e na quantidade que quis.
E sempre fui magro de dar dó.
Pelo menos até os meus 19 ou 20 anos.
Até hoje, quando falo que estou com fome perto da minha mãe, ela diz:
"Você não está com fome. Você É com fome!"
De certo modo, comer muito sempre foi parte da minha identidade.
Comida é sinônimo de conforto -- e comer muito, de conquista.
Até que virei adulto "de verdade" e o Daniel magro de ruim ficou pra trás:
👉🏻 o basquete diário deu lugar ao estágio das 9 às 17h
👉🏻 entraram a cerveja, o cigarro e a balada com a turma
👉🏻 as refeições decentes deram lugar aos lanches rápidos
👉🏻 o que eu queria fazer deu lugar ao que eu tinha que fazer
👉🏻 trocava horas de sono por uma falsa sensação de controle
Eu as coisas que eu queria de fato fazer foram ficando cada vez mais longe.
Queria não. Deveria.
E me cuidar estava no topo da lista.
Mas, naquele momento, eu não tinha tempo.
Passaram-se os anos e chegaram os filhos.
Com eles, novas responsabilidades e novos compromissos.
No furacão que é a vida adulta com crianças pequenas, eu buscava algum alívio.
Dizia pra mim mesmo que era preciso desopilar.
Que não dava pra seguir em frente sem aliviar um pouco da pressão.
O trabalho foi ocupando cada vez mais espaço.
E eu tinha cada vez menos tempo.
A comida (e, principalmente, a bebida) propiciavam uma liberdade momentânea.
Quanto mais, mais livre.
Afinal, é só um docinho, né? Ou dois.
A cervejinha à noite (pra relaxar) virava duas. Às vezes três.
Aos fins de semana, pelo menos meia-dúzia. Começando na sexta.
Apneia, ronco, dificuldade pra levantar cedo e constante sensação de cansaço.
De novo, a genética foi bondosa comigo.
Apesar da cara, podia ter sido muito pior.
Porque mesmo depois de mais de uma década de bagunça e descontrole eu ainda pesava os mesmos 87kg com os quais me casei.
Em algum momento da minha jornada para me tornar alguém melhor eu percebi que, antes cuidar melhor dos outros, eu precisava cuidar melhor de mim.
Confesso que a parte mais difícil de mudar é meu senso de identidade.
Só que, na maioria das vezes, é justamente isso que precisa ficar pra trás.
Não depois. Hoje. Agora.
Porque é o único momento que é possível fazer alguma coisa.
3 COISAS PRA PENSAR
💪🏻 Desafio do mês: essa é a última edição de junho e provavelmente o último desafio do mês. Pelo menos por enquanto. Frequentemente eu jogo umas coisas aleatórias aqui nessa newsletter mais como compromisso público mesmo - algo que eu quero me comprometer a executar. Esse do sono foi um exemplo. Apesar de ter dormido as 7h por noite que me propus, não curti muito esse formato. Vou abrir uma caixinha lá no Insta perguntando o que mais você quer ver por aqui. Se você tem alguma sugestão, comenta lá.
📖 Livro: "Essencialismo" é o meu livro de junho. Li apenas alguns capítulos, mas me parece ser um daqueles poderosos e provocativos, defendendo a busca disciplinada por fazer menos, só que melhor. O autor se sentiu péssimo quando deixou a mulher e a filha recém-parida no hospital para ir a uma reunião importante de negócios. Após essa experiência, agora ele enfatiza a importância de identificar e focar no que realmente importa, dizendo não ao trivial e criando espaço para o essencial.
💡 Pergunta: o que você pode, deve e quer mudar na sua vida?
Frase da semana
Ótima semana!
Daniel
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