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☯️ MDV #9 – Distrações Tecnológicas

☯️ MDV #9 – Distrações Tecnológicas

Se você curtiu a vibe musical da edição passada, clica aqui e dá o play na Lofi Girl.

A coisa que mais ficou martelando na minha cabeça depois de ler o livro Minimalismo Digital (já falei dele por aqui) foi a ideia de que é importante ter momentos para pensar e processar informações -- e como a tecnologia, se mal utilizada, pode atrapalhar.

Porque trabalhar num computador conectado à internet e com o celular sempre ao alcance deixa tudo mais difícil.

Principalmente para alguém que se distrai tão facilmente como eu.

Por exemplo, eu comecei esse texto às 8:35am, assim que cheguei de levar Antonio e Alice no ponto de ônibus.

Eu já tinha a ideia do que ia escrever e, como sempre faço, rascunhei essas ideias de maneira bem crua e meio sem conexão.

Só que assim que comecei a colocar o recheio e adicionei o link para uma edição anterior aí em cima, eu pensei "seria bom catalogar tudo o que já falei aqui pra não repetir nem assunto e nem recomendação, né? Por enquanto são só 8 edições (9 com essa), mas já já vai ficar difícil confiar 100% na memória."

Larguei o texto e abri o Notion, plataforma que eu uso como segundo cérebro desde meados de 2020.

Nessas horas, sempre penso nos atendentes das livrarias, naquela época em que eu ainda as frequentava. Se você abordasse qualquer um deles perguntando se tinham determinado livro, era guiado até uma prateleira específica, dentro de uma seção específica, onde tal livro estaria.

Depois chegaram os terminais de autoatendimento e a mágica perdeu a graça - inclusive os próprios atendentes as usavam, o que estraçalhou tudo o que significava trabalhar com livros no meu imaginário.

(tá vendo como minha cabeça funciona?)

Enfim. Abri todas as edições da MDV em abas separadas pra facilitar o trabalho e nisso a Anna chegou de levar as pequenas na escola. Conversamos um pouco sobre como seria o dia dela e combinamos que eu pegaria os mais velhos no ônibus, que chegariam mais cedo, às 1:45pm.

Mas voltando ao meu segundo cérebro, apesar de ser o único curso que tinha duas vagas pra cada candidato na FUVEST, em 2001, quando eu prestei vestibular pela primeira vez, eu abri mão da aprovação automática e não cursei Biblioteconomia.

Mesmo não tendo seguido carreira nesse mercado promissor, continuo acreditando que saber catalogar informações é uma habilidade pouco falada e valorizada.

Afinal, um catálogo só é bom se te permite encontrar o que você está procurando - de preferência, rápido. Perdi uns 20 minutos entre pensar na melhor estrutura pra categorizar essas referências e criar um template que me permitisse inputar novos dados de maneira rápida e padronizada - e que também fosse fácil de visualizar depois.

Uma hora depois, tá aí o resultado.

Já eram 10:30am e eu decidi tomar o verdadeiro café da manhã dos campeões: um omelete com 3 ovos, um abacate, duas fatias de pão de forma e um shot de café espresso.

Que atire a primeira pedra quem nunca, mas comi com o celular na mão. Pisquei e eram 11:30am.

Vim pro escritório com o objetivo de terminar de escrever antes das 1:45pm (spoiler: falhei miseravelmente).

Mas em cima da minha mesa tinha uma pedra, digo, um cabo que eu tinha acabado de comprar e que ia tirar o zumbido do meu microfone, melhorando o áudio - o que seria excelente para o Almoço Grátis e para as lives da Anna.

Só que daí eu caí no buraco do coelho procurando as melhores configurações para gravação e para streaming no OBS (software que a gente usa pra gravar cursos, anúncios e similares).

Uma hora e muitos vídeos de YouTube depois, larguei o microfone e voltei pra cá - o relógio marcava 12:35pm e eu sabia que essa newsletter não sairia antes do sol se pôr.

Não que eu tenha perdido tempo com coisas inúteis - tudo estava alinhado com os meus objetivos de curto, médio e até longo prazo. Acho até que esses eventos deram uma cor legal pro texto que acabei escrevendo.

E antes de você dizer que eu tô dando voltas e que fugi do tema (viu, Anna Luiza 👀), essas distrações todas só aconteceram porque eu tinha a internet ao meu alcance 100% do tempo.

Ou melhor, aconteceram porque eu não soube focar no que me propus a fazer, mas é justamente disso que eu queria falar.

O problema do planejamento é que nós, seres humanos, não levamos em conta  essas distrações todas que eventualmente acontecem.

E que depois de ler o livro (viu como tudo tinha um propósito 😉), eu tracei um limite claro para meu uso da tecnologia, mais especificamente pro uso do celular:

👉🏻 ele fica longe da cama de noite

👉🏻 só encosto nele de manhã depois de me trocar, escovar os dentes, fazer minhas flexões e pensar nas prioridades do meu dia

👉🏻 desinstalei jogos, Facebook e TikTok, e estabeleci um limite de uso de até 3h por dia (às vezes passa um pouco, mas chegar a 4h é raro)

👉🏻 desativei todas as notificações fora ligações e SMS

👉🏻 separo 2h por dia para deep work, colocando computador e celular no 'não perturbe' e trabalhando com as telas maximizadas para minimizar distrações:

não se assuste com a quantidade de abas abertas - meus olhos aprenderam a ignorá-las

Essa provacação toda me levou a uma outra ideia: criar algum canto no meu escritório onde tecnologia não é bem-vinda.

Um canto analógico, se preferir, onde estamos só eu, meus pensamentos e os materiais de papelaria.

Papel, canetas, lapiseira (nunca fui um cara de lápis), borracha, estilete, régua, livros, marca-texto.

Eu ainda estou pensando em como vou fazer acontecer, mas penso em sentar nesse canto e, possivelmente numa máquina de escrever, começar a colocar meus pensamentos no papel. Rabiscar, apagar, rasurar e revisar à moda antiga.

Evidentemente eu usaria muito papel, então eu picotaria tudo e reciclaria em casa mesmo, seguindo tutoriais da internet. Usaria as folhas recicladas, então, para digitar a versão final uma última vez, numa perfeita simbologia onde pensamentos desorganizados viram papel, que viram lixo e que viram um registro coerente de pensamentos.

Quem sabe isso não vira um livro no melhor estilo Austin Kleon e seu Newspaper Blackout?

Por enquanto, meus pensamentos viram essa newsletter.

E, como eu imaginei, o sol está se pondo exatamente agora.


🗣️ Minhas 3 recomendações da semana

📖 Livro - Se você tem vontade de criar algo e se sente travado, recomendo fortemente o livro Roube Como Um Artista. É curtinho, gostoso de ler e você termina em menos de duas horas. Mas não se engane, pois os insights são muitos e poderosos. Tenho certeza que essa newsletter, o Almoço Grátis e até mesmo esse Daniel de hoje não existiriam sem esse livro.

🎥 Vídeo - Nesse Ted Talk de 2011, Kathryn Schulz, escritora da famosa revista New Yorker, fala sobre arrependimento no melhor estilo Globo Repórter: o que é, de onde vem, quais tipos e, principalmente, como a melhor coisa que podemos fazer não é evitá-los, mas sim aprender a conviver com eles. O que me chamou a atenção foi que 54% dos entrevistados da pesquisa que ela menciona se arrepende de não ter escolhido uma outra faculdade ou carreira. O que mostra que a maioria das pessoas não está completamente feliz com o presente e, de certo modo, acreditam que a solução dos problemas atuais está no passado - o que é uma loucura e um desperdício de vida!

🤳🏻 TikTok - complementando o Ted sobre arrependimento, queria mostrar esse vídeo de um minuto que resume um projeto maravilhoso de Jia Jiang. Sua ideia era lutar contra a rejeição, algo que ele identificou como o grande problema que atrapalhava sua vida, e, por 100 dias, se colocou em situações de desconforto. Se quiser saber mais, esse é o link pro seu Ted Talk, que tem legendas em português.

Frase da semana

💬
“Essa montanha foi dada a você para que mostre aos outros que é possível movê-la.” - Mel Robbins

Ótima semana!

Daniel


PS: se você chegou aqui agora, queria te indicar esse post e esse também. Eles resumem bem o que eu estou tentando fazer por aqui.

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