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☯️ MDV #13 - A Jornada da Semente

☯️ MDV #13 - A Jornada da Semente


Hoje é oficialmente a primeira segunda-feira do segundo trimestre e a primeira semana que parece Primavera de verdade.

Eu confesso pra você que nunca fui um cara obstinado e nem com grandes planos.

Talvez, ou melhor, muito provavelmente, porque eu era imaturo.

Mas a real é que eu nunca tive um objetivo de verdade.

Daqueles de longo prazo mesmo.

Ou até de vida.

Passei praticamente a primeira metade dela só controlando o barco para que não desviasse muito do curso e nem virasse.

Eu devo ter realmente focado em fazer algo grande acontecer umas cinco vezes.

1998

Aos 14 anos, eu decidi que seria o melhor arremessador de 3 pontos do meu time.

Eu amava basquete (ainda amo), aquilo era algo que eu já fazia bem e sabia que poderia usar para conquistar meu espaço.

Durante 4 meses, eu saía direto da escola 12:30pm em São Caetano e ia até Santo André, onde o time treinava diariamente às 2pm.

Comia um lanche no ônibus pra ser mais rápido e conseguia arremessar por uma hora sem parar antes de todo mundo chegar.

Quando comecei a ter resultados expressivos, quebrei o braço. Feio.

Cirurgia, placa, 8 pinos, 20 pontos e provavelmente a minha primeira grande frustração da vida.

Não sei se teria sido um grande jogador.

Por muito tempo remoí que sim.

Hoje aprendi a deixar o passado pra trás, mas aquela lesão não só me tirou a confiança e a vontade de treinar mais forte que todo mundo.

Ela colocou na minha vida uma coisa que até então eu não tinha enfrentado: medo.

2002

Com 18 anos veio minha primeira desilusão amorosa, mais ou menos nessa mesma época.

Depois de ter feito um ano de engenharia e ter me decepcionado, eu estava fazendo cursinho.

Ainda não sabia o que queria da vida, mas o coração partido me despertou uma vontade profunda de me provar capaz em algo muito difícil.

Em maio, eu decidi que passaria em medicina no final daquele ano.

Nunca estudei tanto.

Nunca gostei tanto de estudar.

Me apaixonei por História e Literatura.

Fiquei ainda mais fascinado com Física e Biologia.

E, poucos dias antes do meu aniversário de 19 anos, passei.

O mais difícil eu já tinha feito, que era provar pra mim mesmo que eu conseguia.

Só que eu não me via fazendo aquilo pro resto da vida, então nem fui fazer a matrícula.

2014

Aos 30, eu era um publicitário com 8 anos de carreira, estava casado e morando em NYC pelo 2º ano.

Era janeiro e tudo parecia perfeito, mas as coisas não iam bem.

A empresa que a Anna trabalhava havia sido comprada, eu ainda não tinha conseguido me recolocar na minha área.

A falta de grana e a incerteza do visto estavam sufocando a gente.

Pra desopilar, decidi usar uma coisa que eu tinha de sobra a meu favor: tempo livre.

Voltei a estudar e comecei compartilhar com o mundo aquilo que eu estava vivendo.

Criei um canal no YouTube e um blog (o cemdezesseis.com - nosso ZIP), com o objetivo de mostrar a NYC que não estava nos guias turísticos.

Tinha até um business plan e uma lista de serviços que eu ia oferecer.

Só que tem horas que a (falta de) grana fala mais alto.

Em setembro, ela recebeu uma proposta sólida para voltar pro Brasil e, com tantos planos, eu não queria voltar de jeito nenhum.

Principalmente depois de ter me dedicado tanto.

Só que fazer algo contra a minha vontade, dessa vez, ia resolver todos os nossos problemas.

E eu posso ser teimoso, mas não sou burro.

Antes que ela assinasse eu prometi que, assim que pisasse no Brasil, ia trabalhar sem parar pra, um dia, trazer a gente de volta.

Quinze dias depois de chegar, recebi uma proposta de coordenador de marketing, um nível abaixo do que estava quando saí, mas a empresa era americana e essa era minha chance.

2015

Estávamos reconstruindo nossa vida, ainda que, pelo menos na minha cabeça, de maneira temporária. E grana era imporante.

Eu precisava da promoção para gerente. Ela ia validar minha estratégia e era um milestone importante no meu plano.

A Anna tinha acabado de engravidar do Antonio e eu senti que um MBA poderia me ajudar nessa validação.

Duas coisas caras e dinheiro que eu definitivamente não tinha. Mas poderia fazer.

Enquanto ralava no horário comercial pra me provar com resultados no escritório, comecei a fazer Uber depois do expediente.

Por meses, ligava o aplicativo ainda no estacionamento do trabalho e seguia levando o povo pra lá e pra cá até meia-noite, mais ou menos.

2020

Meu plano deu certo e estávamos morando no subúrbio de Boston há quase 2 anos.

Agora com dois filhos, eu precisava evitar passar pelos mesmos perrengues de 6 anos atrás.

Eu só pensava em ralar, ralar, ralar e ralar pra que a empresa visse tanto valor no meu trabalho que seria impensável não aplicar pra minha residência permanente ao final da janela de 7 anos do meu visto temporário.

Mas daí veio a 3ª gravidez. E na sequência a pandemia.

E as minhas prioridades mudaram.

Eu deixei de ser egoísta e pensar no que eu queria e comecei a ser o pai e marido que meus filhos e esposa precisavam.

Mesmo que isso pudesse custar tudo o que eu tinha trabalhado pra conquistar.

2023

Se você chegou aqui depois do carnaval e quiser saber tudo de mais relevante que aconteceu na minha vida – e na minha cabeça – desde o começo da pandemia, leia esse post e depois esse.

Neles eu mostro como venho aprendendo, estudando, me provocando, me conhecendo e me (re)moldando para, finalmente, colocar algumas ideias à prova.

Muitas coisas ainda não estão prontas, e eu não vejo a hora de contar pra vocês tudo o que tenho trabalhado forte desde a segunda metade do ano passado.

Essa newsletter é um dos vários braços dessa nova fase.

O Almoço Grátis também. Se você de alguma maneira se sente perdido ao organizar os pensamentos e traçar um objetivo grande pra sua vida, eu quero te ajudar.

Eu sei que não tenho todas as respostas, mas eu sei fazer perguntas e posso ser a sua companhia para achá-las.

Assim como o Daniel de coração partido, eu quero te provar que você consegue. Mesmo que pareça impossível. Mesmo que você olhe pro lado e não veja isso acontecendo ao seu redor.

Se você tem 30 minutinhos sobrando na hora do almoço pra pensar nessas coisas, agende seu horário aqui. Ainda tenho algumas vaga em abril.

Mas e a primavera?

Você achou que eu não ia amarrar, né? Hahaha

Agora que a vida está de novo dando as caras lá fora, eu só consigo pensar em como todas essas tentativas aparentemente frustradas do passado foram importantes pra eu estar onde eu estou hoje.

Em como uma ideia precisa morrer para que outra, melhor, possa aparecer.

Que é preciso aproveitar os períodos de dormência para poder nascer de novo.

Por fora, parece que a árvore passa o verão inteiro só fazendo sombra.

Mas na verdade ela está colocando toda sua energia para gerar uma vida nova.

A semente tem tanta vida dentro dela que, assim que as condições favorecem, ela explode em broto pra fora (obrigado, Li 😉).

O inverno foi embora e levou consigo 25% do ano.

Um quarto das chances de fazer acontecer em 2023.

E pela primeira vez eu não me sinto correndo atrás do rabo.

Porque tinha muita vida aqui dentro.

Só que eu cansei de esperar as condições ideiais.


🗣️ Minhas 3 recomendações da semana

🎙️ Podcast: Desde que recomendei o TED da Brené Brown numa edição passada da MDV, eu mergulhei no seu conteúdo e não canso de me embasbacar com seu poder de contar histórias, seu carisma, sua personalidade e com a maneira que abraça seu trabalho sobre vulnerabilidade, vergonha e medo. Esse episódio do podcast do Tim Ferris foi gravado antes da pandemia e eles batem um papo muito legal sobre resiliência, casamento, lidar com problemas do passado e muito mais.

📺 Netflix: The Call to Courage já tem 4 anos e foi gravado pouco depois do seu famoso TED Talk, mas caiu como uma luva pra esse momento que estou vivendo. E funciona muito bem se assistido em sequência ao podcast acima.

📺 Netflix: Outro documentário da Netflix. Em Stutz, Jonah Hill (Lobo de Wall Street, Moneyball e muitos outros), que passou por um processo intenso de autodescobrimento com o psiquiatra Phil Stutz, mostra que e o cara foi tão instrumental em sua vida que ele resolveu fazer um filme para que mais pessoas conhecessem sua história e abordagem. Ainda não terminei de assitir, mas senti certa conexão com as motivações (e com a transformação) de Jonah.

Frase da semana

💬
"O que você resiste, persiste." - Carl Jung

Ótima semana!

Daniel


PS: se você chegou aqui agora, queria te indicar esse post e esse também. Eles resumem bem o que eu estou tentando fazer por aqui.

E se você gostou do conteúdo e acha que algum conhecido poderia se beneficiar dessas loucuras que escrevo aqui, compartilha a edição de hoje com ele ou ela. É só clicar no botão abaixo para copiar o link. Fazendo isso você ajuda dois amigos 😉

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