☯️ MDV #52 - 2007
(tempo de leitura aprox. 3 min)
Dois de janeiro de 2024
Hoje de manhã, arrumando minhas gavetas como faço todo começo de ano, encontrei um trabalho da faculdade de Comunicação Social.
Guardo poucas recordações da vida acadêmica, mas esse, por algum motivo, sobreviveu.
Não só isso. O texto que escrevi há quase 17 anos caiu como uma luva pra um cara que aqui fala sobre autenticidade e autoconhecimento.
A matéria era 'Redação Publicitária' e o tema, como você vai perceber, agora é irrelevante.
Eu te aconselho a ler o texto numa tacada só e depois voltar pra ler de novo com as considerações. Vai ser mais divertido assim.
Seis de agosto de 2007
"Me considero uma pessoa do bem, íntegra, educada e sempre estou disposto a dar meu melhor ❶. Às vezes sou um pouco ansioso e não tenho muita calma, mas estou aprendendo a me controlar ❷. Sempre agarro as oportunidades que me interessam e procuro aprender com as pessoas à minha volta ❸. Sou solícito e gosto de ajudar. Por esses motivos, acabo atraindo alguns olhares ❹. Tenho que ter cuidado com isso, pois um erro pode tornar-se visível e me prejudicar. Por outro lado, um acerto também será notado e mais portas podem se abrir ❺.
Tenho mania de ser sucinto. Às vezes, até demais ❻.
Não sou muito bom no Winning Eleven. Assim sendo, perco a oportunidade de ganhar dinheiro dos meus amigos nos torneios que eles organizam. Em compensação, sou muito bom em cerveja e no violão. Com isso, enquanto meus amigos "rapelam" uns aos outros nos campeonatos de Winning Eleven, eu chamo a atenção das mulheres e, com alguma sorte, volto pra casa acompanhado ❼.
Costumo mentir. Principalmente em redações.
Sou muito verdadeiro também. Principalmente em redações.
Não sei se deu pra perceber, mas também sou um cara bem humorado.
E sucinto."
Considerações:
❶ o Daniel que escreveu esse texto tinha acabado de ser efetivado, antes mesmo do contrato de estágio terminar, mas ele sabia muito bem que seus valores deveriam sempre vir em primeiro lugar.
❷ ele não tinha noção que se tornaria muito mais ansioso nem que teria muito menos calma, mas já havia percebido que o autocontrole era a chave.
❸ essa atitude me fez mudar de país 3 vezes, me ensinou que é possível criar oportunidades ainda mais interessantes e que quem decide quem fica à minha volta sou eu, não eles.
❹ olha como a história mais importante é aquela que você conta pra si mesmo: eu carreguei esse fardo do medo do julgamento por quase 40 anos. Ninguém tá nem aí pro que a gente faz ou deixa de fazer!!! Por sorte, isso não me impediu de ser solícito e ajudar.
❺ a vida me ensinou que tentar é mais importante que acertar e que se esconder atrás do medo de errar é um erro ainda maior.
❻ não era mania, eu só era (sou) sucinto quando queria. Mas já tinha notado a força disso na escrita.
❼ nunca voltei pra casa acompanhado. Muito menos de um campeonato de video game que eu só fui assistir.
Esse Daniel era um garoto.
Brincalhão, cru e cheio de esperança.
Mas já pronto pra encarar o que viesse de peito aberto.
Com uma boa dose de ousadia e sempre de bom humor.
Se me lembro bem, apesar do professor ter gostado (ou não), esse trabalho não valia nota.
Mas isso é irrelevante.
Uma das coisas que aprendi com ele naquele ano é que a qualidade do seu trabalho virá com o volume, não o contrário.
E que quanto menos filtros a gente se coloca, melhor.
Que esse ano você também se julgue menos e se divulgue mais.
Que comece tudo com seus valores e saiba onde precisa melhorar.
E que seja sucinto(a).
Feliz 2024.
Frase da semana
Fique bem!
Daniel
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